Meu nome é Ângela, tenho 48 anos de idade,sou psicóloga e trabalho em uma comunidade terapeutica.
Minha história pe a de superação de uma doença silenciosa, cruel. progressiva e fatal. O alcoolismo.
Comecei a beber muito cedo, numa tentativa de “pertencer” ao mundo dos adultos. Eu tinha por volta dos treze anos. Essa busca, hoje eu sei se devia a uma baixa auto estima e ao não perdão.Escolhi beber, mas não escolhi ser alcoolista, eu só queria ter amigos, me sentir leve e apagar um vazio que tinha na minha alma e que nunca consegui entender
.Fui adotada aos dois anos e meio de idade porque meu pai, que era alcoólatra, não aceitou a gravidez da minha mãe. Quando eu tinha dois meses de idade ele sofreu um acidente e pediu para me conhecer , no seu leito de morte. Me pediu perdão e à minha mãe. Cresci sabendo dessa história e odiando meu pai, apesar de ter sido muito amada pela familia que me adotou. Tive os melhores pais e irmãos que uma pessoa pode ter. Mas dentro de mim havia uma dor que não saia nunca. Fui embora da minha cidade e vivi a vida que achava que devia, usei drogas ilícitas, sem nunca desenvolver a dependencia. Elegi o álcool ecada vez fui bebendo mais. Me casei com uma pessoa maravilhosa com quem estou até hj e tive dois filhos. Infelizmente não poupei-os de verem sua mãe embriagada quase que diariamente.
Um dia resolvi voltar a estudar e fui cursar psicologia, porque queria trabalhar com adolescentes dependentes quimicos. Nunca concebi a idéia de eu era uma pessoa doente. Sempre tive justificativas e na época da faculdade, junto com colegas mais novos eu aumentei consideravelmente o consumo de álcool . Fiz várias terapias, mas escondia o uso abusivo de álcool, eu só queria preencher um vazio que sentia. Nada funcionava porque eu me escondia dos terapeutas e com isso só agravava a minha situação.
As pessoas de fora me viam como alegre e extrovertida, mas isso não era verdade, não havia um único de minha vida em que eu não pensasse e terminar com ela~e por algumas vezes tentei o suicídio.
Uma manhã, após mais uma noite em que eu havia bebido muito, vi a profunda decepção nos olhos do meu filho e tomei a decisão de não mais tentar controlar o álcool e me render à minha condição de alcoolista.
Parei de beber e só tenho conseguido a ficar em abstinência porque me encontrei novamente com DEus e tenho a certeza de que ele nunca me abandonou, eu é que o abandonara sem saber, qualdo ao invés de seguir os passos de nosso Senhor Jesus Cristo amando a todos, eu cultivava o não perdão ao meu pai, como se eu tivesse o direito de julgá-lo. Não conseguia ver todo o amor que recebia, ficando presa a um sentimento pequeno. O fato de eu ter me tornado uma psicóloga foi fundamental para que eu tivesse a compreensão do que estava acontecendo comigo, mas a dor só parou quando eu pedi perdão ao meu pai, a Deus e o perdoei a sua atitude para comigo e isso é que me transformou internamente. De nada adianta sabermos das coisas senão as sentirmos e praticarmos.
Hoje eu conto a minha história trazendo uma frase: Não sou modelo de virtudes, mas sou exemplo de superação.