SÍNDROME DA MULHER CAPACHO

Capacho é um tapete usado na frente da porta com a finalidade
de limpar os pés. Na psicologia o termo é usado para mulheres que
possuem uma grave dependência emocional. Elas não possuem poder
interior, vontade própria, não sabem expressar o que querem, não
verbalizam o que sentem, se contentam com "raspas e restos", concordam
com tudo o que as pessoas falam, são facilmente influenciáveis, com
enorme desejo de aprovação e reconhecimento exterior, sem
auto-confiança, o que faz com que elas se preocupem demasiadamente em
agradar os outros, esquecendo as suas necessidades.
Não possuem projetos individuais, e são experts em salvar os
outros. Elas se forçam a ficar numa relação amorosa que só faz mal,
deixando-se dominar pelo outro. Não gostam de ouvir a verdade, e
embora todas as pessoas do seu círculo social as aconselhem a mudar de
parceiro (falam que a pessoa que está ao seu lado não serve para ela),
a mesma não dá ouvidos, e não consegue ver que está com o homem
errado.
Na sua escolha afetiva projetam a sua impotência interior, na
figura de homens prepotentes, violentos, indisponíveis afetivamente,
fascinados por poder, ou quimicamente dependentes de substâncias
químicas. Geralmente, são pessoas que não conseguem se entregar ao
amor, e, essas mulheres fazem de tudo para extrair migalhas de atenção
e afeto, esperando sugar "leite de pedra". Elas doam muito carinho, na
expectativa de controlar a agressividade do parceiro, mas não obtém
resultado satisfatório. Pisam em seus sentimentos para manter um homem
ao seu lado, resultado: abrem caminho para serem pisadas pelos
"amados". Ignoram o sinal vermelho que tem dentro de si, que sinaliza
que estão dando mais do que recebendo. Além disso, nunca discordam
deles com medo de serem rejeitadas.
A síndrome de dependência emocional existente nessas mulheres,
é caracterizada pelo mecanismo de defesa psicológico chamado NEGAÇÃO,
que é um entorpecimento emocional. O mesmo contribui para a
perpetuação de relacionamentos disfuncionais, ou seja, a mulher
capacho justifica o comportamento inadequado do cônjuge, minimizando a
sua atitude. Por exemplo: "foi só um tapinha, mas a culpa foi minha
que saí com uma roupa decotada". Essa atitude é uma forma de encobrir
a realidade, uma mentira. Ela quer "tapar o sol com a peneira", negar
a verdade, e viver de ilusões.
A mulher capacho desenvolve os seguintes comportamentos: Cabeça
sempre baixa, por se deixar ser pisada, inquietação muito grande
(devido ao fato de ter sempre a sensação de estar em perigo, e que
algo terrível vai acontecer, pois o homem com quem convive a qualquer
hora pode perder a cabeça, explodir, ou destruir qualquer coisa que
tenha por perto, inclusive, ela mesma). Pode apresentar também
ferimentos no corpo, braço quebrado, manchas na pele devido às
pancadas que vive levando. Os seus ombros são sempre arriados, pois
carregar nas costas um homem que só lhe trás aborrecimentos, é
mulherengo, vagabundo e preguiçoso, só pode lhe causar dor na coluna,
e muita dor de cabeça.
Ela sempre anda na ponta dos pés, como se estivesse pisando em
ovos, com medo de que o seu pequeno barulho possa perturbá-lo, e para
que ele não perca a cabeça, ela faz de tudo para não incomodar o seu
"Senhor".
Seus Joelhos são calejados de tanto se curvar, de tanto
rastejar, de tanto se humilhar, e de tanto fazer orações para que Deus
o mude, enquanto ela se submete as piores privações para que ele fique
numa boa.
Quando é que a mulher capacho vai cair na real? A boa notícia é
que isso é um comportamento aprendido, e que pode ser modificado,
quando ela entrar para a universidade de ter os pés no chão. O
primeiro passo é conscientizar-se dos seus comportamentos
desequilibrados, das coisas que faz por amor ao outro, e que na
verdade são um desrespeito e desamor por si mesma. Ela precisa fechar
a sua "casa de recuperação", o seu pronto socorro existencial, já que
só procura salvar o outro, e escrever na porta de sua nova moradia:
"A Dependente afetiva não mora mais aqui, agora quem mora é a
defensora de si mesma".
Essa mulher precisa aprender que o amor deve trazer alegria à
vida, e não tirar a vontade de viver. Outro ponto é aprender a
valorizar-se. Como ela não se dar valor, faz concessões em demasia, e
assim perde o seu valor.
Mas, melhorar sempre é possível. Portanto, é importante
confrontar o medo que essas mulheres sentem da solidão. A maioria
delas pensa: "O que vai ser de mim sozinha no mundo?". Ou seja: Quem
vai ser o meu escudo? Por trás da mulher capacho existe uma mulher em
pânico, diante de um mundo que ela se julga incapaz de enfrentar, pois
se sente insuficiente. Só depois que perde o homem que está ao seu
lado fisicamente, pois afetivamente não pode contar com ele pra nada,
é que ela desliga o seu sistema emocional de alarme, e observa que
continua viva, tem poder pessoal, passando a ter cumplicidade consigo
mesma. O desafio é: aprender a ser sua melhor amiga, se descobrir,
apoiar-se, reconstruir tijolinho por tijolinho a si mesma; não deixar
de existir em função do outro, parar de se sacrificar, e dar um novo
significado à sua vida.
A ex-mulher capacho já não faz qualquer coisa para manter um
relacionamento, que, no fundo, só faz mal, e pelo qual acaba pagando
um preço alto: o de pisar em seus próprios sentimentos, e permitir que
o outro faça o mesmo. Ela não se anula mais, nem vive de esmolas
afetivas, decide encarar a realidade de que esse amor não funciona,
não completa, tira a alegria de viver, e não quer mais "rimar amor com
dor"…

Hoje em dia existe também o "Homem Capacho", as mesmas caracteristicas
acima só que inverso, muitas mulheres acobertadas pelas leis que a
protegem mais do que os homens, agem com agressividade e humilhando os
homens que convivem com elas.
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TEXTO ADAPTADO DO LIVRO ABAIXO A MULHER CAPACHO DE SÔNIA ABRÃO,
UTILIZADO EM TRABALHO TERAPÊUTICO PELA PSICÓLOGA SUÊNIA MEDEIROS.